Manifestantes marcharam em Paris contra medida que cobra certificado de vacinação ou teste negativo para frequentar cinemas e restaurantes. Apesar do barulho dos protestos, maioria dos franceses apoia exigência.
Mais de 200.000 pessoas se manifestaram neste sábado (31/07) em mais de cem cidades francesas contra a exigência de passe sanitário no país. Esse foi o terceiro fim de semana consecutivo de protestos contra a medida na França. De acordo com o Ministério do Interior francês, 204.900 pessoas participaram dos protestos, um aumento em relação aos 110.000 e 160.000 manifestantes registrados em 17 e 24 de julho. Houve novamente registro de confrontos. Pelo menos 19 pessoas foram detidas e três policiais ficaram feridos.
O presidente francês Emmanuel Macron anunciou no dia 12 de julho a utilização do passe sanitário para o acesso a inúmeras atividades culturais e sociais, além de bares e restaurantes. A medida já começou a ser aplicada parcialmente neste mês e deve ser ampliada no início de agosto. O documento traz um código QR que, ao ser escaneado na entrada do estabelecimento, informa se a pessoa está completamente vacinada contra a covid-19, se teve a doença nos últimos seis meses ou se tem um teste negativo para o coronavírus feito nas últimas 48 horas.
A partir de agosto, o passe sanitário também será obrigatório para frequentar bares e restaurantes, entrar em grandes centros comerciais, visitar hospitais e casas de repouso e utilizar transporte público de longa distância (aviões, trens, ônibus e barcos).
Protestos
Cerca de 14.240 pessoas se manifestaram em Paris, onde vários protestos foram convocados e eclodiram confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Antes de uma dessas manifestações, Jérôme Rodrigues, figura conhecida na revolta dos “coletes amarelos”, criticou, sem apresentar provas, “os membros do governo e da imprensa que vendem a eficácia da vacina, sem que haja comprovação”.
Mais de 3.000 policiais foram mobilizados na capital francesa, onde ocorreram incidentes na semana passada na luxuosa avenida Champs Elysées, cujos acessos foram bloqueados neste sábado. Neste fim de semana, foram convocadas manifestações em cerca de 150 cidades francesas para protestar contra o passe sanitário medida apoiada pela maioria dos franceses, de acordo com as pesquisas. Levantamento Ipsos-Sopra Steria elaborado à época da aprovação da medida mostrou que 62% dos franceses apoiam o passe.
Frases como “Eu sou o Judas de Macron”, “Vacine-me contra o fascismo e o capitalismo” ou “Mídia mentirosa! Queremos a verdade”, eram exibidas nas faixas dos manifestantes em Rennes (Bretanha, noroeste), onde cerca de 2.900 pessoas se concentraram no início da tarde. Mais de 20.000 pessoas protestaram em cidades no sudeste da França, especialmente em Montpellier (8.500) e Nice (6.500).
Os deputados e senadores franceses finalmente aprovaram no último fim de semana a lei que estende o uso do passaporte sanitário. A França, que esta semana ultrapassou 50% da população vacinada, enfrenta um aumento na circulação do coronavírus, com mais de 24.300 novos casos registrados na sexta-feira. Segundo um estudo, as pessoas que não se vacinaram contra a covid-19 representam cerca de 85% dos internados na França e 78% das mortes causadas pelo coronavírus.
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