No dia 8 de julho de 1975, o então primeiro-ministro Yitzhak Rabin foi o primeiro chefe de governo de Israel a visitar a Alemanha: um passo importante no processo de normalização das relações entre os dois países
Fonte: Deustche Welle
“Minha visita começou com uma homenagem às vítimas do Holocausto no campo de concentração de Bergen-Belsen. Foi a primeira vez que eu vi um campo de extermínio nazista. O sofrimento cobriu o fosso de 35 anos que me separava – como israelense e soldado – do tempo do Holocausto e, de repente, eu tinha meu povo martirizado diante dos olhos.”
Foi assim que o ex-primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin descreveu, em suas memórias, o início da primeira viagem de um chefe de Estado israelense à Alemanha. Bergen-Belsen, um município idílico de 12 mil habitantes, na Baixa Saxônia, chegou a abrigar 60 mil judeus presos pelos nazistas. “Apesar da beleza da paisagem, tive a sensação de ouvir gritos de crianças vindos do silêncio”, escreveu Rabin.
O então primeiro-ministro de Israel veio à Alemanha no dia 8 de julho de 1975 para uma visita de quatro dias, mesmo tendo assuntos mais importantes a tratar no Oriente Médio. Na época, negociava-se um recuo das tropas egípcias e israelenses da Península do Sinai. Os Estados Unidos estavam tão envolvidos no processo, que o então secretário de Estado Henry Kissinger, de passagem pela Alemanha, aproveitou o jantar oficial, no Castelo de Gymnich, perto de Colônia, para dar continuidade às negociações com Rabin.
Com o governo alemão – sobretudo com o então chanceler federal Helmut Schmidt –, Rabin tratou de outras questões. A Alemanha restringia-se a manter relações bilaterais e, conscientemente, não interferia na política do Oriente Médio, deixando-a a cargo dos Estados Unidos e dos demais países europeus.
Normalização das relações bilaterais
Schmidt e Rabin assinaram um acordo comercial. No mais, reafirmaram suas opiniões divergentes sobre questões centrais da diplomacia do Oriente Médio. Rabin reiterou a determinação de não colocar em risco a segurança de Israel, enquanto Schmidt deixou transparecer que concordava com a impaciência dos europeus diante dos lentos avanços na região. Ambos os governos, porém, estavam satisfeitos com os progressos no plano bilateral.
Todos os chanceleres federais alemães do pós-Guerra haviam estado em Israel. “Como primeiro chefe de governo israelense em visita oficial à República Federal da Alemanha (RFA), tenho uma grave responsabilidade. Todo judeu e, com certeza, todo chefe de governo israelense – perseguido ou não pelo nazismo – carrega consigo o peso dessa perseguição. Ele está marcado na memória coletiva do povo judaico, vítima da tragédia mais terrível de sua história”, declarou Rabin.
Somente o fundador do Estado de Israel, David Ben Gurion, havia estado na Alemanha antes de Rabin. Em caráter particular, participara do enterro de Konrad Adenauer, em 1967. Em 1975, a oposição israelense, liderada por Menachem Begin, ainda era contrária a uma estreita cooperação com a Alemanha. Begin, do partido Likud, sucedeu a Rabin em 1977, mas nunca visitou o país.
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