Por FGV Ibre
Ano novo, velhos e novos desafios
Na análise de conjuntura, a virada de ano é sempre uma oportunidade para rever o que ocorreu no ano que se encerra e alinhar expectativas para aquele que começa. Em 2019, em particular, é também o momento de examinar os primeiros 12 meses do governo Bolsonaro e o que podemos esperar para o seu segundo ano de mandato. Jair Bolsonaro assumiu em meio a uma expectativa muito positiva sobre o desempenho da economia, já em 2019. Na, média, ao longo do primeiro bimestre, a expectativa mediana de mercado era de uma alta do PIB de 2,5% este ano. No entanto, o primeiro semestre decepcionou, gerando dúvidas acerca da retomada cíclica da economia. Dúvidas que, de fato, se mostraram em parte corretas.
Assim, na média do terceiro trimestre, a projeção mediana de mercado para o PIB de 2019 caiu para alta de apenas 0,8%. Conforme alertamos em nossos Boletins, porém, apesar de alguma
decepção com os resultados do PIB no primeiro semestre, já então havia indícios de que a economia ganharia tração no restante do ano, o que de fato ocorreu. Um dos fatores que contribuíram para esse avanço foi a melhora nas condições financeiras, que caminharam para terreno mais positivo ao longo de 2019. Ainda que a queda da Selic tenha se concentrado entre o final de 2016 e o início de 2018, quando caiu 975 pontos base, apenas em 2019 as condições financeiras começaram de fato a ficar mais favoráveis.
A Selic voltou a cair em 2019, e vai fechar o ano em apenas 4,50%, coroando um longo ciclo de afrouxamento monetário, inédito em nossa história, que só foi possível pela mudança do mix de política econômica que se iniciou em 2015. Assim, ainda durante o segundo mandato da presidente Dilma e, depois, ao longo do governo Temer, se aprovaram várias e importantes reformas, destacando-se: a reforma trabalhista; a criação da TLP, que mudou para melhor a forma de atuação do BNDES; e a Emenda Constitucional 95, que estabeleceu um teto para o crescimento do gasto primário do governo federal. Todas estas reformas foram fundamentais para a queda do risco país, a redução da inflação e da taxa real de juros. Em 2019, os avanços na agenda fiscal foram outra vez significativos, pois a aprovação da reforma da Previdência e das medidas de combate às fraudes previdenciárias representam uma parcela relevante do necessário ajuste no gasto público obrigatório. E, consequentemente, o Brasil pôde se aproximar da atual realidade mundial, de taxa de juros muito baixas, tornando-se um país mais normal do ponto de vista das variáveis
macroeconômicas.
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